Scooter, scooter e mais scooter. Honda traz o ADV e confirma o Forza 350. Paralelamente, Dafra diz que vem trabalhando em um ‘novo produto de 150 a 200cc‘ e Yamaha está feliz da vida liderando o segmento dos médios com o XMax. Mas até onde vai o segmento?
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Essas e várias outras movimentações do segmento nos levam a refletir sobre o futuro do nicho no mercado brasileiro. Além disso, a projetar como todo o setor estará daqui alguns anos caso continue no mesmo ritmo visto nos últimos calendários.
Pensando nisso nós elaboramos uma projeção simples, tomando como base os números dos emplacamentos de motos no Brasil dos últimos 5 anos. Como os dados de 2020 ainda estão em aberto, consideramos de 2015 a 2019. Avaliamos quais segmentos (e o quanto) cresceram, bem como os que apresentaram retração.
Scooter, sport, trail, naked. Quem sobe e quem desce no mercado brasileiro
De antemão, já podemos destacar o crescimento dos scooter. Se em 2015 representavam apenas 2,97% das vendas de motos no Brasil, em 2019 já correspondiam a 8,39%. Neste ritmo, ariam da casa dos 23% em mais cinco anos – o que pode se confirmar.
QUEM SOBE | Quanto (de 2015 a 2019) | Fração do mercado (no mesmo ritmo, de 2019 para 2024) |
Trail | 2,95% | 19,9% para 20,49% |
Touring | 113,70% | 1,9% para 2,32% |
Custom | 129,73% | 0,85% para 1,95% |
Clássica | 366,67% | 0,14% para 0,65% |
Big trail | 14,13% | 1,06% para 1,20% |
Scooter | 182,50% | 8,39% para 23,70% |
Naked | 66,38% | 1,93% para 3,21% |
Este crescimento também tem seus custos, sentido especialmente pelos nichos das Street e Cub. Os segmentos tiveram pequenas quedas nos últimos cinco anos, mas movimentos significativos se consideramos seus altos volumes de vendas. Nas Street o público busca mais potência ou conforto, migrando para Naked e Trail. Já nas Cub o principal ‘vilão’ são os scooter.
QUEM DESCE | Quanto (de 2015 a 2019) | Fração do mercado (no mesmo ritmo, de 2019 para 2024) |
Street | -2,41% | 49,5% para 48,31% |
CUB | -5,83% | 14,55% para 13,70% |
Sport | -29,17% | 0,51% para 0,36% |
Ciclomotores | -60,96% | 0,89% para 0,35% |
O boom dos scooter
Como era de se imaginar, o nicho dos scooter teve um crescimento notável. Em 2015 representava 2,97% do total de motos vendidas, fração que saltou para 8,39% em 2019. Um salto de 182,5%. Se seguir no mesmo ritmo, em 2024 será responsável por aproximadamente 23,7% dos emplacamentos no Brasil.
SCOOTER | Projeção para 5 anos | |||||
Total de motos emplacadas | Scooter emplacadas | % do total | Diferença | Se manter a mesma variação de 2015 a 2019 nos próximos 5 anos, o segmento irá representar ____ do mercado em 2024 | Estimativa do total de motos vendidas (tendo como base as 1.077.553 de 2019): | |
2019 | 1.077.553 | 90.362 | 8,39 |
182,50%
|
23,70%
|
255.380 motos
|
2015 | 1.261.012 | 37.443 | 2,97 |
A invasão dos scooter parece ser um caminho sem volta… E nós já tínhamos previsto isso. Numa espécie de ‘análise profética’, lá em 2012, nosso repórter Mário Sérgio Figueiredo elaborou uma reportagem apresentando a tendência de crescimento destes veículos no nosso mercado. O título não poderia ser outro: scooter, você ainda vai ter um – veja.
Um o atrás para CUB…
Na carona de sucessos como Honda Biz e Yamaha Crypton, historicamente as cub são um caso de enorme sucesso no Brasil. Por isso, representam uma fatia significativa e estável do nosso mercado há um bom tempo, entretanto, a tendência é de leve queda.
CUB | Projeção para 5 anos | |||||
Total de motos emplacadas | Cub emplacadas | % do total | Diferença | Se manter a mesma variação de 2015 a 2019 nos próximos 5 anos, o segmento irá representar ____ do mercado em 2024 | Estimativa do total de motos vendidas (tendo como base as 1.077.553 de 2019): | |
2019 | 1.077.553 | 156.870 | 14,55 |
-5,83%
|
13,70%
|
147.624 motos
|
2015 | 1.261.012 | 194.906 | 15,45 |
Em 2015 elas correspondiam a 15,45% dos emplacamentos, número que baixou para 14,55% cinco anos depois. Ou seja, 5,83% de retração. Provavelmente, perderam consumidores justamente aos scooter, uma vez que há maior oferta (incluindo marcas, preços e modelos) dos veículos automáticos no mercado atualmente. Por exemplo: em 2015 a Honda tinha dois scooter no Brasil, número que subirá para sete em 2021.
… e às Street também
Consolidado. Este é sem dúvidas o melhor adjetivo para o segmento das street no Brasil. Bom, poderia ser ‘dominante’, também. De qualquer forma, vale lembrar que ele responde sozinho por cerca de metade de todo o volume de motos vendidas no Brasil.
STREET | Projeção para 5 anos | |||||
Total de motos emplacadas | Street emplacadas | % do total | Diferença | Se manter a mesma variação de 2015 a 2019 nos próximos 5 anos, o segmento irá representar ____ do mercado em 2024 | Estimativa do total de motos vendidas (tendo como base as 1.077.553 de 2019): | |
2019 | 1.077.553 | 533.439 | 49,5 |
-2,41%
|
48,31%
|
520.565 motos
|
2015 | 1.261.012 | 639.601 | 50,72 |
Porém, estão no mesmo time das cub. Sua participação no mercado caiu 2,41% entre 2015 e 2019 – de 50,72% para 49,5%. A resposta também pode estar na maior adesão do público aos scooter, bem como no pequeno crescimento das naked e trail, indicando uma possível migração de categoria.
Naked pode ar de 1,16 para 2,31% do mercado
Muitos guardaram uma grana ou assumiram um carnê de prestações para subir de categoria e, agora, dispõe de mais potência, motos com arrefecimento a líquido e projetos mais modernos. É o que aponta o crescimento do segmento naked.
NAKED | Projeção para 5 anos | |||||
Total de motos emplacadas | Naked emplacadas | % do total | Diferença | Se manter a mesma variação de 2015 a 2019 nos próximos 5 anos, o segmento irá representar ____ do mercado em 2024 | Estimativa do total de motos vendidas (tendo como base as 1.077.553 de 2019): | |
2019 | 1.077.553 | 20.828 | 1,93 |
66,38%
|
3,21%
|
34.589 motos
|
2015 | 1.261.012 | 14.633 | 1,16 |
O nicho cresceu de forma significativa. Em 2015 representava 1,16% dos emplacamentos e, cinco ano depois, o montante ou para 1,93%. Ou seja, aumentou 66,38% no período. Neste ritmo, em 2024, será responsável por 3,21% das novos motos nas ruas do país. Apesar disso ainda representa um volume de vendas, comercializando cerca de 11 mil motos em 2019 – metade do que a CG 160 costuma vender em um mês.
Trail: crescimento lento, mas consistente
No lugar de esportividade, também há quem migre das Street em busca de mais conforto para encarar a buraqueira urbana ou versatilidade para aventuras. Estes encontram nas trail a melhor opção.
TRAIL | Projeção para 5 anos | |||||
Total de motos emplacadas | Trail emplacadas | % do total | Diferença | Se manter a mesma variação de 2015 a 2019 nos próximos 5 anos, o segmento irá representar ____ do mercado em 2024 | Estimativa do total de motos vendidas (tendo como base as 1.077.553 de 2019): | |
2019 | 1.077.553 | 214.445 | 19,9 |
2,95%
|
20,49%
|
220.790 motos
|
2015 | 1.261.012 | 243.796 | 19,33 |
Desta forma, o segmento vem em um lento e progressivo mercado ascendente. Neste ritmo, seus emplacamentos subiram 2,95% entre 2015 e 2019, ando de 19,33 para 19,9% da fatia do mercado. Pode parecer um crescimento pouco expressivo, mas devemos considerar seu alto volume de vendas, com mais de 200 mil motos emplacadas por ano. Se continuar assim, ará a casa dos 20% de market share em breve.
Big trail no embalo dos scooter
Então exceto os scooter e naked todos os movimentos do mercado são brandos? Crescem ou caem apenas algo na casa dos 5%? Não.
BIG TRAIL | Projeção para 5 anos | |||||
Total de motos emplacadas | Big Trail emplacadas | % do total | Diferença | Se manter a mesma variação de 2015 a 2019 nos próximos 5 anos, o segmento irá representar ____ do mercado em 2024 | Estimativa do total de motos vendidas (tendo como base as 1.077.553 de 2019): | |
2019 | 1.077.553 | 11.339 | 1,05 |
14,13%
|
1,20%
|
12.930 motos
|
2015 | 1.261.012 | 11.675 | 0,92 |
O nicho das big trail é promissor. Referência em tecnologia e conforto, tem cativado um número crescente de consumidores. Representa segurança, estilo e conforto aos mais experientes (algo antes buscado principalmente nas custom) e tecnologia, potência e aventura aos jovens. Por isso, marcas como BMW, Triumph e Honda investem consideravelmente no setor.
E o resultado se traduz em números. O segmento cresceu mais de 14% em cinco anos, ando de 0,92% para 1,05% do mercado. Apesar do volume ainda ser baixo, algo na casa de 12 mil unidades/ano, são produtos , de alto valor agregado – e financeiro.
A queda das sport
Aqui entram as motos com pegada esportiva, carenagens e motores que trabalham em altas rotações. Sonho de consumo de muitos, mas objeto de compra de poucos. No período as vendas caíram quase 30%, minguando para pouco mais de 5 mil unidades por ano. Neste ritmo, o nicho deve representar menos de 0,4% do mercado de motos até 2024.
SPORT | Projeção para 5 anos | |||||
Total de motos emplacadas | Sport emplacadas | % do total | Diferença | Se manter a mesma variação de 2015 a 2019 nos próximos 5 anos, o segmento irá representar ____ do mercado em 2024 | Estimativa do total de motos vendidas (tendo como base as 1.077.553 de 2019): | |
2019 | 1.077.553 | 5.448 | 0,51 |
-29,17%
|
0,36%
|
3.879 motos
|
2015 | 1.261.012 | 9.029 | 0,72 |
O curioso caso das Custom
A Yamaha aposentou a Midnight Star, a Suzuki deu fim às Boulevard M1500, M1500R, M1800R, M800R e M800. A Indian chegou e deixou nosso mercado. Isso tudo entre 2015 e hoje. Além disso, a Harley está prestes a retirar do mercado sua linha de o, a Sportster.
Então o mercado das motos custom no Brasil está numa profunda queda, não? Numa análise fria dos números, não mesmo. O segmento representava 0,37% do setor em 2014 e subiu para 0,85% – um salto de 129,73%. Isso ilustra bem que aqui estamos fazendo uma análise fria, uma projeção simplificada do mercado com base em seus últimos cinco anos.
CUSTOM | Projeção para 5 anos | |||||
Total de motos emplacadas | Custom emplacadas | % do total | Diferença | Se manter a mesma variação de 2015 a 2019 nos próximos 5 anos, o segmento irá representar ____ do mercado em 2024 | Estimativa do total de motos vendidas (tendo como base as 1.077.553 de 2019): | |
2019 | 1.077.553 | 9.326 | 0,85 |
129,73%
|
1,95%
|
21.012 motos
|
2015 | 1.261.012 | 4.619 | 0,37 |
Dada a retirada de importantes modelos das lojas e com investimentos cada vez mais discretos no segmento, o número de montadoras que aposta no nicho está caindo, o que deve levar o de vendas consigo. Atualmente, apenas Harley-Davidson, Kawasaki (com a Vulcan 650S), Dafra (com a Horizon) e HaoJue (Chopper Road) representam o nicho, que deve enxugar gradativamente.
Motos clássicas cresceram 366% no Brasil
Falando assim parece um absurdo, né? ‘Cresceram mais de 300%? Caramba, vão dominar o mundo!’. Calma. Como o segmento (ainda) é muito pequeno, qualquer movimento no mercado faz seus indicadores dispararem, para mais ou para menos.
Em 2015, foram emplacadas apenas 397 clássicas – menos que a CG 160, moto mais vendida do Brasil, comercializa em um dia. Em 2019 o número subiu para 1.552, levando o market share de 0,03 para 0,14%. Um crescimento de 366,67% (uau!)! Neste ritmo, o nicho será responsável por 0,65% das vendas em 2024.
CLÁSSICAS | Projeção para 5 anos | |||||
Total de motos emplacadas | Clássicas emplacadas | % do total | Diferença | Se manter a mesma variação de 2015 a 2019 nos próximos 5 anos, o segmento irá representar ____ do mercado em 2024 | Estimativa do total de motos vendidas (tendo como base as 1.077.553 de 2019): | |
2019 | 1.077.553 | 1.552 | 0,14 |
366,67%
|
0,65%
|
7.004 motos
|
2015 | 1.261.012 | 397 | 0,03 |
E, de fato, a tendência é de crescimento. A Triumph aposta no setor com a família Bonneville, ao o que a Royal Enfield oferece modelos com diferentes propostas no país. Ainda há outras montadoras que oferecem produtos ‘similares’, com pegada clássica e projetos distintos, como a Kawasaki e sua Z 900RS.
Touring em ascenção
Há mais brasileiros em busca de motos grandes, pesadas, potentes, confortáveis no asfalto e fartamente servidas de tecnologia. É o que indica o crescimento das touring. Em 2015 elas representavam 0,51% das vendas no Brasil e em 2019 este número subiu para 1,09% – um up de 113,70%.
Dificilmente este ritmo se manterá, mas caso o fizesse representaria 2,32% do mercado até 2024. Ou seja, você veria mais Gold Wing nas ruas em cinco anos do que encontra MT 03 atualmente (já que as naked representam 1,93% do mercado hoje).
TOURING | Projeção para 5 anos | |||||
Total de motos emplacadas | Touring emplacadas | % do total | Diferença | Se manter a mesma variação de 2015 a 2019 nos próximos 5 anos, o segmento irá representar ____ do mercado em 2024 | Estimativa do total de motos vendidas (tendo como base as 1.077.553 de 2019): | |
2019 | 1.077.553 | 11.711 | 1,09 |
113,70%
|
2,32%
|
24.999 motos
|
2015 | 1.261.012 | 6.382 | 0,51 |
Ciclomotores: pior do que está não deve ficar
Eles se popularizaram há alguns anos aproveitando uma brecha na legislação que permetia que rodassem sem ser emplacadas e que seus condutores pilotassem sem CNH A. Aí a lei mudou e os ciclomotores aceleraram rapidamente para a extinção.
CICLOMOTORES | Projeção para 5 anos | |||||
Total de motos emplacadas | Ciclomotores emplacados | % do total | Diferença | Se manter a mesma variação de 2015 a 2019 nos próximos 5 anos, o segmento irá representar ____ do mercado em 2024 | Estimativa do total de motos vendidas (tendo como base as 1.077.553 de 2019): | |
2019 | 1.077.553 | 9.650 | 0,89 |
-60,96%
|
0,35%
|
3.771 motos
|
2015 | 1.261.012 | 28.780 | 2,28 |
Desta forma, o segmento teve uma queda de acima dos 60% entre 2015 e 2019, deixando de representar 2,28% das vendas para menos de 0,9%. Em 2019, na lista das 30 motos mais vendidas do Brasil tinha apenas um ciclomotor, o JET 50, da Shineray.
Porém, as ‘cinquentinhas’ devem viver um lento movimento de queda nos próximos anos, representando quase estabilidade. Isso porque seu público dificilmente migrará aos scooter ou outros nichos, pois o que vale aqui é pagar pouco ao inveés de preferir tecnologia ou conforto. A JET ano 2021, por exemplo, é avaliada pela FIPE em R$ 5.810.